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Mulheres piloto

Elas atraem olhares dentro e fora das pistas. Conheça essas amantes de carros de corrida e suas vidas aceleradas!



Para elas não existe tempo ruim. Com a unha feita, brilho nos lábios e nos olhos, as mulheres pilotos arrepiam com toneladas de ferro a mais de 200km/h e ainda encontram espaço para cuidar da casa e dos pares. Motor, óleo, pneu, pista, segundos, milésimos… Um universo do qual também fazem parte a maquiagem, as cores, a sutileza e o toque feminino. Nesse ambiente feroz e supercompetitivo, elas estão disputando posição até entre os mais grandalhões dos carros de corrida. Sepultando o estereótipo do sexo frágil, as pilotos esbanjam perícia e arrojo nas pistas. Mas como será o cotidiano dessas mulheres aceleradas?
A paixão
Começar já é um desafio. A paixão por carros e automobilismo não é algo imputado às mulheres. No caso da piloto de Rally Helena Deyama, a paixão foi o motor de arranque para o desafio nas pistas. “Desde pequena, eu já gostava de brincar sobre rodas. Bicicleta, patinete, triciclo, o que tivesse rodas”, conta. E, logo aos 17 anos, Deyama comprou sua primeira moto: “Eu gostava de trilha e terra. Comprei logo uma moto do modelo Cross”, lembra. Segundo ela, fazia sucesso entre os meninos: “Todos ficavam surpresos ao me ver, com meus 1,55 m de altura , toda delicada, dirigindo uma Cross”.
De uma família de automobilistas, a piloto de Fórmula Truck Cristina Rosito conta que se lembra de pular corda em autódromo enquanto seu pai fazia treinos na pista. Ela se diz uma apaixonada: “Nas minhas veias corre gasolina”. Companheira de Rosito na categoria, Débora Rodrigues tem no caminhão a sua coqueluche. “Eu praticamente nasci dentro de um caminhão. Meu pai era caminhoneiro, mas nunca quis me ensinar por achar que não era coisa de mulher. Tive que aprender sozinha, olhando. Desde então sempre quis dirigir esses grandalhões”, recorda.

Conquistando o respeito
Da paixão à competição, o caminho é longo e as críticas são muitas, segundo as pilotos. “No começo todo mundo duvidava. Eu não sofri um preconceito, mas as pessoas achavam que eu não ia me dar bem e comentavam: ‘O que essa garota está fazendo aqui?’”, conta Deyama. “Sempre teve um certo descrédito”, corrobora Rosito. Débora Rodrigues, que disputa a principal categoria da Fórmula Truck há mais de 10 anos, revela que o único comentário feito sobre ela partiu de uma mulher: “Ela me perguntou: ‘Mas por que você não vai correr de carro? Logo de caminhão? Não acha que é uma coisa muito masculina para você?’”. Débora justifica: “Eu gosto de caminhão. Para mim, um veículo é unissex”.
Fora das pistas, apesar das críticas e da desconfiança, a mulher precisa se afirmar, sem, no entanto, perder a sua feminilidade.
Segundo ela, não adianta se masculinizar para conquistar o seu espaço. “Se tiver que reclamar, eu reclamo. No briefing (reunião dos pilotos antes das corridas), se tiver que chamar para a briga, eu brigo. Não posso querer um tratamento diferenciado”, exclama ela. O respeito e a admiração dos colegas se conquistam dentro dos circuitos. “Todas as vezes que venci, eu tive que vencer duas vezes. Vencer a prova e a desconfiança“, revela Rosito, complementada por Deyama: “Todo mundo acha que piloto é uma mulher meio machona, mas não tem nada a ver. O segredo da pilotagem está no jeito e não na força”.
Com os resultados dentro das pistas e o espaço garantido, além do respeito, as pilotos gozam de uma admiração maior dos companheiros. “Eu impus respeito mostrando que sei pilotar tão bem quanto eles. Eles não vão ser cavalheiros e me deixar ganhar”, brinca Deyama. Já Rodrigues confidencia que a competitividade contra ela é ainda maior: “Comigo eles jogam mais duro. Eu sou a única mulher, ninguém quer ficar atrás de mim”. Deyama brinca: “Eles não se conformavam quando ficavam atrás de mim no início, mas, agora, não tem mais isso, porque todo mundo já perdeu para mim”.
Carinho da torcida
O fato de pilotar no meio de um bando de homens gera inconscientemente uma admiração por parte dos aficionados pelo esporte. Rosito fala sobre a curiosidade que as pessoas têm só de vê-la pessoalmente: “Elas querem saber o que está por trás daquele macacão e daquele capacete”. Débora Rodrigues, que já posou nua para uma revista masculina antes de virar piloto, revela uma situação corriqueira nas arquibancadas dos espetáculos de Fórmula Truck: “Até hoje surge alguém com a minha revista para eu autografá-la. Não tenho nenhum problema quanto a isso, aliás, hoje me sinto muito melhor do que há 14 anos, quando posei”, acredita.
Vaidade
Mesmo com uma cotidiano repleto de óleo e graxa, toda mulher possui alguns truques para estar sempre bonita. E as pilotos não fogem à regra, mesmo após horas no limite, a mais de 200 km/h. “Sempre carrego um kit com adstringente, demaquilante e um hidratante, para deixar a pele bonita e hidratada, além de protetor solar”, revela Deyama. Batom, rímel, brincos e unhas feitas também compõem o look por debaixo dos capacetes e macacões.
Cuidar do corpo é uma necessidade. Pilotar exige muita força e a academia deve fazer parte do dia a dia, segundo as pilotos. “O extra pista, às vezes, é mais corrido do que a própria competição com a rotina de ginástica e treinamentos. Fora os cuidados com a casa e a família”, adiciona Rosito. Helena Deyama, além de piloto, também tem o seu próprio estúdio de design gráfico. “Eu tenho duas profissões e as trato com o mesmo peso, me dedicando um pouco mais às corridas , pois exigem mais do meu corpo”, pondera.
Acidentes
A vida de piloto, segundo elas, é mais complexa pela superexposição da imagem. Acidentes espetaculares são vistos pela televisão cotidianamente e é sempre um motivo de preocupação das atletas sinalizar, aos que estão de fora, que estão bem. Apesar de assustadores, esses episódios já são considerados um risco inerente à profissão que escolheram. “Você vira passageiro do carro, mesmo. Não dá tempo de ter medo. Depois que passa e você vê a cena é que pondera o que você poderia ter sofrido. Mas, se estou ali, eu sei que estou correndo esse risco. É um esporte de risco”, desmitifica Rodrigues.

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